APLICABILIDADE DA TEORIA CONTINGENCIAL EM REDES DE SUPERMERCADOS

APLICABILIDADE DA TEORIA CONTINGENCIAL EM REDES DE SUPERMERCADOS

 Joel De Bortoli - www.joeldebortoli.com

A competitividade e complexidade do mundo dos negócios estão crescendo significadamente no cenário mundial, exigindo dos administradores uma atenção redobrada quanto à obtenção de informação no ambiente externo da empresa. Como por exemplo, podemos citar, as inovações tecnológicas, tendências de mercado, preferências e exigências do consumidor, entre outras.

Também o ambiente externo está tornando-se mais dinâmico, onde com a tecnologia tudo é realizado de forma rápida. As Decisões são tomadas instantaneamente ser utilizar muito tempo para serem analisadas.

Neste artigo foi efetuado estudos para identificar o melhor caminho a ser seguido, analisando a importância do método de obter a informação no processo decisório e com base na Teoria Contingencial, as formas e os meios que as organizações utilizam para obter informações do meio externo.

Para obter uma visão mais nítida da realidade, também foi efetuada uma pesquisa analisando as variáveis, tecnologia e ambiente, que são de extrema importância para sobrevivência da organização.

Palavras-Chaves: Tecnológica, Teoria Contingencial.

Introdução

A Teoria da contingência ou Teoria contingencial enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo depende. A abordagem contingencial explica que existe uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance eficaz dos objetivos da organização.

Variáveis chaves como a análise de ambiente e tecnologia são de extrema importância para a sobrevivência de uma organização.

Com base dessa premissa estudou-se por meio da Teoria Contingencial a busca por informações e a adaptabilidade de empresas supermercadistas.


Referencial Teórico

Teoria da contingência

A Teoria Contingencial nasceu da necessidade de uma visão mais complexa das organizações, já que as outras teorias tinham uma visão limitada, e as condições eram ditadas diretamente do interior das organizações. Com base nessa necessidade, foram realizadas pesquisas que visam compreender e explicar o modo como as empresas se comportavam em diferentes situações, que variam de acordo com o ambiente ou contexto que a empresa escolheu como domínio de operação.

É o estudo que analisa as relações interdependentes entre o ambiente interno e externo da empresa, a fim de ajustar a organização de acordo com uma situação específica.

Segundo Chiavenato (1976), “a Teoria Contingencial nasceu a partir de uma série de pesquisas feitas para verificar quais os modelos de estruturas organizacionais mais eficazes em determinados tipos de empresas. Os pesquisadores cada qual individualmente procuraram se as organizações eficazes de determinados tipos de empresas seguiam os pressupostos da Teoria

Clássica, como a divisão do trabalho, a amplitude de controle, a hierarquia de autoridade, etc. os resultados surpreendentemente conduziram a uma nova concepção de organização: a estrutura de uma organização e o seu funcionamento, são dependentes da interface com o ambiente externo.”

Segundo Chiavenato (1976), “a Teoria Contingencial sugere que uma organização é um sistema composto de subsistemas e delineado por limites identificáveis em relação ao seu suprassistema ambiental.”

Para Thompsom apud Bateman e Snell (1998), “a perspectiva contingencial refuta os princípios universais da administração pela afirmação de que uma variedade de fatores, tanto interna quanto externa à empresa pode afetar o desempenho da organização”.

Como afirma Stoner (1991), “a abordagem contingencial é a concepção de que a técnica de administração que melhor contribui para o alcance dos objetivos organizacionais pode variar em situações ou circunstâncias diferentes”.


Pesquisa de Chandler

Em 1962, Alfred Chandler Jr. realizou uma investigação abordando a estratégia de negócios. Estudou quatro grandes empresas americanas e observou que as estruturas destas empresas foram adaptadas e ajustadas às suas estratégias durante um processo histórico envolvendo quatro fases distintas:

Acumulação de Recursos: As empresas tiveram que ampliar suas instalações de produção e organizar uma rede de distribuição, passando a deter o mercado de matérias-primas através da compra de empresas fornecedoras.

Racionalização do Uso de Recursos: As novas empresas integradas tornaram-se grandes e passaram a ter necessidade de serem organizadas.

Continuação do Crescimento: O mercado saturou-se, diminuindo a oportunidade de se reduzir os custos. Com isso as empresas partiram para a diversificação.

Racionalização do uso de recursos em expansão: Entende-se que diferentes ambientes levam as organizações a adotar novas estratégias e estas, exigem diferentes estruturas organizacionais.


Pesquisa de Burns e Stalker sobre organizações

Em 1961, dois sociólogos industriais,Tom Burns e G. M Stalker, buscando compreender a relação existente entre a prática administrativa  e o ambiente externo, pesquisaram  vinte empresas inglesas classificando-as em organizações mecanistas e  organizações orgânicas.

Nas organizações mecanistas, a administração é baseada na hierarquia, com estrutura burocrática, baseada na divisão de trabalho; é um sistema vertical onde as operações, o sistema de trabalho e as informações seguem uma relação superior-subordinado; os cargos são definidos, estáveis sendo ocupados por especialistas com atribuições bem definidas e com sistema rígidos de controle. Um modelo mais adequado para empresas e organizações com condições ambientais estáveis e bem estruturadas.

Já nas organizações com sistema orgânico são mais adequadas e adaptadas a condições instáveis, com uma estrutura organizacional flexível, com descentralização do poder, confiança na comunicação informal. Nesse tipo de organização os indivíduos interagem em suas funções e valoriza-se a criatividade e a inovação.


Pesquisa de Lawrence e Lorsch sobre o Ambiente

Em 1972, Lawrence e Lorsch, pesquisaram sobre as características que as organizações deveriam possuir para enfrentar com eficácia as mudanças nas condições externas, nos constantes avanços tecnológicos e nas mudanças de mercado.

Foram escolhidas as indústrias de plásticos, alimentos empacotados e de recipientes de alto e baixo desempenho, ambientes industriais de diferentes graus, desde ambientes de rápida mudança tecnológica até ambientes estáveis que exigem pequena diferença de organização.

Essas pesquisas revelaram que as organizações precisam ser ajustadas ao sistema das condições ambientais. Os aspectos universais devem ser substituídos pelas normas de acordo entre organização ambiente e tecnologia, ou seja, as características de uma organização não dependem dela própria, mas de circunstâncias ambientais e da tecnologia que ela utiliza. Desta maneira, tem-se a teoria da contingência a qual apresenta as características da organização que são variáveis dependentes e contingentes em relação ao ambiente e à tecnologia.


Pesquisa de Joan Woodwaard sobre a tecnologia

Para analisar se os princípios administrativos decorrentes das teorias administrativas conseguiam atingir êxito nos negócios quando colocados em prática, Joan Woodward, uma socióloga industrial inglesa, pesquisou inúmeras empresas com negócios e tamanho variado, classificando-as em três tipos de tecnologias de produção:

Produção unitária ou oficina, onde existe habilidade manual ou operações de ferramentas, artesanato, gerando produção em unidades, incertezas quanto às operações. Dessa forma, caracterizam-se com baixa previsibilidade dos resultados, poucos níveis hierárquicos, poça padronização e automação.

Produção em massa, onde são máquinas agrupadas em seções, com mão de obra intensiva e barata, utilizada com regularidade. Gerando produção em lotes, com quantidade regular em cada lote, existe uma previsibilidade, quanto resultados e seqüência de operações. Caracteriza-se média previsibilidade de resultados, médios níveis hierárquicos, e média padronização e automação.

Produção contínua, onde existe um processamento contínuo por meio de máquinas especializadas, padronizadas, com tecnologia intensiva e exigência de pessoal especializado. Gerando uma produção contínua em grande quantidade, certeza absoluta quanto à seqüência das operações e a previsibilidade dos resultados. Caracteriza-se com alta previsibilidade de resultados, altos níveis hierárquicos, e muita padronização e automação.


Ambiente

 Ambiente é tudo o que acontece externamente, mas influenciando internamente uma organização, ou seja, é a situação dentro da qual uma organização está inserida. A Análise da relação existente entre as organizações e o ambiente foi iniciada pelos estruturalistas, como a análise tinha abordagem de sistemas abertos aumentou o estudo do meio ambiente como base para verificar a eficácia das organizações, porém, mesmo com uma maior ênfase nos estudos e na análise ambiental não foi possível encontrar uma adequada sistematização capaz de fornecer um entendimento total, pois pouco se sabe a respeito do ambiente do meio ambiente.

O ambiente se estrutura de maneira vasta e complexa dificultando a absorção, a compreensão e o conhecimento de sua complexidade e totalidade por parte das organizações. O ambiente possui variáveis complexas onde cada organização precisa explorar e reduzir as incertezas e minimizar os efeitos de sua influência. É difícil manter a objetividade em relação ao ambiente, pois cada organização interpreta as variáveis de maneira diferente e também essas variáveis nem sempre se mostram ao mesmo tempo e ainda estão em constantes mudanças e adaptações.
Ambiente Geral

O ambiente geral é o genérico e comum que afeta direta ou indiretamente toda e qualquer organização, é constituído de um conjunto de condições semelhantes, são elas tecnológicas, legais, políticas, econômicas, demográficas, ecológicas ou culturais. Segundo Chiavenato, essas influências são mais visíveis nas:

Condições Tecnológicas, quando ocorre um avanço no desenvolvimento tecnológico nas outras organizações, e é preciso se adaptar e incorporar tecnologia  para não perder a competitividade.

Nas condições legais, constituem a legislação vigente e que afeta direta ou indiretamente as organizações, auxiliando-as ou impondo-lhes restrições às suas operações. São leis de caráter comercial, trabalhista, fiscal, civil etc. que constituem elementos normativos para a vida das organizações.

Nas condições políticas, que são decisões e definições políticas tomadas em nível federal, estadual e municipal que influenciam as organizações e que orientam as próprias condições econômicas.

Nas condições econômicas, que constituem a conjuntura que determina o desenvolvimento econômico que condicionam fortemente as organizações. A inflação, a balança de pagamentos do país, a distribuição de renda interna e outros constituem problemas econômicos que não passam despercebidos pelas organizações.

Nas condições demográficas, que apresentam taxa de crescimento, na população, na raça, na religião, na distribuição geográfica, distribuição por sexo e idade são aspectos demográficos que determinam as características do mercado atual e futuro das organizações.

Nas condições ecológicas, que são as condições relacionadas com o quadro demográfico que envolve a organização. O ecossistema refere-se ao sistema de intercâmbio entre os seres vivos e seu meio ambiente. No caso das organizações, existe a chamada ecologia social, ou seja, as organizações influenciam e são influenciadas por aspectos como poluição, clima, transportes e comunicações.

Nas condições culturais, onde a própria cultura de um povo penetra nas organizações através das expectativas de seus participantes e de seus consumidores.

Todas essas condições são fenômenos ambientais que formam um campo dinâmico de forças que interagem entre si tendo um efeito sistêmico. Esse ambiente geral é genérico e comum para todas as organizações, cada uma delas tem o seu ambiente particular: ambiente de tarefas.


Ambiente de Tarefa

É o ambiente mais próximo e imediato de cada organização, onde ocorrem todas as operações especificas de cada organização, sendo definidas, também por Chiavenato, como:

Fornecedores de entrada são todos aqueles que fornecem todos os tipos de recursos de que uma organização precisa para trabalharem desde recursos materiais e recursos financeiros até de recursos humanos.

Clientes ou usuários são consumidores da saída da organização.

Concorrentes, pois todas as organizações não estão sozinhas, existe disputa com outras organizações pelos mesmos recursos de entradas e consumidores.

Entidades reguladoras, onde cada organização está sujeita à outras organizações, que procuram regular e fiscalizar as suas atividades. É o caso dos sindicatos, associações de classe, órgãos reguladores do governo, órgãos protetores do consumidor, etc.

Tipologia de ambientes

A análise ambiental específica de cada organização necessita ser definida com as características próprias de cada empresa e a parte do ambiente que estas estão expostas. Para facilitar, classificou-se o ambiente segundo algumas tipologias como, por exemplo:

Tipologia quanto à estrutura podendo ser ambientes homogêneos quando existe pouca diferenciação dos mercados e a maioria dos fornecedores, clientes e concorrentes são semelhantes. E ambientes heterogêneos, que ao contrário dos ambientes homogêneos, quando existe uma grande diversidade de mercados, fornecedores, clientes, e concorrentes.

Tipologia quanto a sua dinâmica podendo ser um ambiente estável, onde existe pouca mudança, e quando ocorrem são de maneira lenta e previsível. E, ambientes instáveis, onde existem muitas incertezas, com mudanças constantes.

Nesses aspectos, uma organização que está situada em ambientes mais homogêneos, exige uma estrutura organizacional mais simples e centralizada no espaço, enquanto que, uma organização que está situada em ambientes mais heterogêneos, existe a necessidade de uma estrutura organizacional mais complexa, diferenciada e descentralizada no espaço.

Tecnologia

Sob um ponto de vista administrativo, consideraremos a tecnologia como algo que se desenvolve predominantemente nas organizações, em geral, e nas empresas, em particular, através de conhecimentos acumulados e desenvolvidos sobre o significado e execução de tarefas - know-how - e pelas suas manifestações físicas decorrentes - máquinas, equipamentos, instalações - constituindo um enorme complexo de técnicas usadas na transformação dos insumos recebidos pela empresa em resultados, isto é, em produtos e serviços.

A tecnologia pode estar ou não incorporada a bens físicos. A tecnologia incorporada está contida em bens de capital, matérias-primas intermediárias e componentes etc. (hardware). A tecnologia não incorporada encontra-se nas pessoas - como técnicos, peritos, especialistas, engenheiros, pesquisadores - sob formas de conhecimentos intelectuais ou operacionais, facilidade mental ou manual para executar as operações, ou em documentos que a registram e visam assegurar sua conservação e transmissão - como mapas, plantas, (software).

Em suma, tecnologia é o conhecimento que pode ser utilizado para transformar elementos materiais em bens ou serviços, modificando sua natureza ou suas características.  

A tecnologia tem a propriedade de determinar a natureza da estrutura e do comportamento organizacional. Existe um forte impacto da tecnologia sobre a vida, natureza e funcionamento das organizações.


Tipologia de Thompson

Do ponto de vista administrativo, a tecnologia devido a sua complexidade pode ser analisada sob vários ângulos e perspectivas. A Tipologia de Thompson é um exemplo. Thompson propõe uma tipologia que identifica três tipos de tecnologia, conforme o seu arranjo dentro da organização: tecnologia de elos em seqüência; tecnologia mediadora e tecnologia intensiva.

Tecnologia de elos em seqüência - Essa tecnologia está baseada na interdependência serial das tarefas necessárias para completar um produto. Os atos são executados em uma seqüência e o ato seguinte é executado após o sucesso do anterior; há uma seqüência de elos encadeados e interdependentes, como uma linha de montagem de produção em massa.

Tecnologia mediadora - A tecnologia mediadora permite reunir interesses opostos na busca de soluções convergentes aos objetivos dos participantes. O banco comercial liga os depositantes com aqueles de tomam emprestado. A empresa de propaganda vende tempo ou espaço, ligando os veículos de comunicação aos anunciantes. A agência de empregos coloca oferta e demanda para negociarem. O funcionamento dessas ações ocorre dentro de modalidades padronizadas envolvendo os múltiplos participantes distribuídos no tempo e no espaço, causando um alto nível de complexidade para conceber, disponibilizar, operar e controlar os atos desenvolvidos sob essa tecnologia.

Tecnologia intensiva - A tecnologia intensiva representa uma ampla variedade de habilidades e especializações sobre um único cliente e requer a aplicação de parte ou de toda a disponibilidade das aptidões necessárias conforme exigidas pela situação. O hospital é um exemplo da aplicação dessa tecnologia: uma internação de emergência pode exigir uma combinação de serviços dietéticos, radiológicos, de laboratório, em conjunto com diversas especialidades médicas, terapêuticas, sociais, espirituais.


Tipologia de tecnologias


Produto Concreto
Produto Abstrato






Tecnologia Fixa
• Poucas possibilidades de mudança;
• Falta de flexibilidade da tecnologia;
• Estratégia focada na colocação do produto no mercado;
• Ênfase na área mercadológica;
• Receio de ter o produto rejeitado pelo mercado;
• Ex.: Ramo Automobilístico.
• Flexibilidade da tecnologia para mudanças nos limites da tecnologia;
• Estratégia para busca de aceitação de novos produtos pelo mercado;
• Ênfase na área mercadológica (promoção e propaganda);
• Receio de não obter o apoio ambiental necessário;
• Ex.: Instituições educacionais baseadas em conhecimentos altamente especializados, que oferecem cursos variados.





Tecnologia Flexível
• Mudanças nos produtos pela adaptação ou mudança tecnológica;
• Estratégia focada na inovação e na criação de novos produtos ou serviços;
• Ênfase na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
• Ex.: Empresas do ramo de plásticos, de equipamentos eletrônicos.

• Adaptabilidade ao meio ambiente e flexibilidade tecnológica;
• Estratégia para obtenção de consenso externo (quanto aos novos produtos e consenso interno (quanto aos novos processos de produção);
• Ênfase nas áreas de P&D (novos produtos e processos), mercadológica (consenso dos clientes) e recursos humanos (consenso dos empregados);
• Ex.: Empresas de propaganda e relações públicas, de consultoria administrativa, legal, auditoria.
Matriz de tecnologia/produto

Todas as organizações apresentam problemas, pois as contingências impostas por diferentes tecnologias são importantes para a organização e sua administração.

Uma organização comprometida com uma tecnologia específica pode perder a chance de produzir outro produto para outras organizações de tecnologias mais flexíveis, pois a cada dia a tecnologia fica mais especializada e a flexibilidade da organização de rapidamente passar de um produto para outro pode decrescer.

Se a empresa já for dotada de grandes recursos e aplicar-se em um novo campo de atividades ou produtos, pode usufruir do surgimento de novas tecnologias e assim facilitar tal chance. Mas, à medida que a tecnologia se torna mais complexa, a empresa passa a Ter menos controle sobre o processo tecnológico global, e assim ficando dependente de outras empresas do ambiente de tarefa. Dependência crescente de especialistas, de treinamento prévio feito por outras organizações que exigem mais integração e coordenação.

As organizações são de certa forma, sistema aberto, pois muitas vezes surgem as incertezas do ambiente, contudo são capazes de se anteciparem se defendendo e se ajustando a elas.

Podem ser também sistema fechado, uma vez que este nível opera tecnologicamente com meios racionais. É eficiente, pois nela as operações seguem uma rotina e procedimentos padronizados, repetitivos.

A estrutura e o comportamento de uma organização são contingentes, porque elas enfrentam constrangimentos ligados as suas tecnologias e ambiente de tarefas.

Não há, no entanto, uma maneira específica, ou melhor, de organizar e estruturar uma organização. As contingências por serem diferente em cada organização, há uma variação em suas estruturas e comportamentos.


Impacto da tecnologia

O impacto da tecnologia é muito grande. Em resumo podemos dizer que:
           
A tecnologia tem a propriedade de determinar a natureza organizacional e do comportamento organizacional das empresas;

A racionalidade técnica virou sinônimo de eficiência;

A tecnologia cria incentivo para a melhoria da eficácia.


As Organizações e seus níveis

As organizações enfrentam desafios tanto internos como externos, independente do seu tamanho ou natureza. Ela se diferencia em três níveis organizacionais:

1) Nível institucional ou nivel estratégico - É o nível mais alto de uma empresa, composto pelos diretos, proprietários, acionistas e é onde as decisões são tomadas, onde são traçados os objetivos à serem alcançados.

2) Nível intermediário ou mediador - É composto pela média administração de uma empresa e se localiza entre o Nível Institucional e o Nível Operacional. Seu objetivo é unir internamente estes dois níveis, gerenciando o comando de ações, ajustando as decisões tomadas pelos níveis institucionais com o que é realizado pelo nível operacional. Ao nível Intermediário está a responsabilidade também de administrar o nível operacional, pois é ele que está frente à frente com as incertezas do ambiente, intervindo e amortecendo estes impactos afim de não prejudicar as operações internas dentro do nível.

3) Nível operacional, técnico ou núcleo técnico - Estão ligados aos problemas básicos do dia a dia e é onde as tarefas e operações são realizadas, envolvendo os trabalhos básicos tanto relacionados com a produção de produtos como de serviços da organização. É um nível que comanda toda a operação de uma organização e é nele que se localizam máquinas, os equipamentos, instalações físicas, a linha de montagem, os escritórios, tendo a responsabilidade de assegurar o funcionamento de um sistema.


Caso de Uso

Foram utilizadas na pesquisa empresas do setor supermercadista para análise de caso, destacando as variáveis ambiente e tecnologia.

Empresa A: O fundador começou como um pequeno distribuidor em Itajaí (SC) e com o passar do tempo abriu seu próprio mercado, em meados de 1960. Depois disso, começou sua expansão para outros estados. Atualmente possui uma rede com 32 supermercados.
Figura1: Organograma da Empresa.
Fonte: empresa pesquisada.

Variável Ambiente: O objetivo da empresa, quase que totalmente, é definido pelo ambiente. A partir de reuniões entre as partes administrativa e comercial, os resultados desta são levados ao presidente que definirá o objetivo a ser alcançado. As informações sobre o ambiente são obtidas através de pesquisas de mercado anuais e terceirizadas, ou antes, de abrir uma nova loja. São utilizadas técnicas usadas pelos concorrentes. Leva-se em conta fatores demográficos como aumento e composição etária da população, onde é verificada a necessidade do consumidor; fatores econômicos como distribuição de renda e situação econômica da população, onde é observado o consumo de cada classe de acordo com o poder de compra da mesma; fatores político-legais como crescimento de grupos de interesse, onde é verificada a estrutura da loja de acordo com a demanda de cada grupo de interesse; fatores sócio-culturais como existência de culturas locais e aumento da demanda de alguns produtos em determinadas épocas do ano.

Variável Tecnologia: A tecnologia exerce grande influência na organização. A necessidade de melhoria tecnológica é constatada através do crescimento da empresa em busca de qualidade e agilidade para o  consumidor. Quando essa nova tecnologia é implantada, a empresa oferece treinamento a seus funcionários, conforme a mesma.
Empresa B: A empresa B é uma organização de capital inteiramente nacional, teve sua origem na cidade de Maringá (PR) em 12 de abril de 1962. Dispõe atualmente de 26 lojas de Auto-Serviço e 6 Centrais de Distribuição, com mais de 7000 funcionários.
Figura 2: Organograma da empresa.
Fonte: empresa pesquisada.

Variável Ambiente: O objetivo é estabelecido por metas, onde são analisados o mercado no ano anterior e a condição oferecida pela região. A empresa raramente utiliza técnicas usadas pela concorrência. As informações sobre o ambiente são obtidas simplesmente pela percepção que eles possuem através da experiência de vários anos no segmento. Fatores demográficos como aumento da população exerce grande influência no volume de vendas. Fatores econômicos como distribuição de renda e situação econômica da população não são levados em conta, pois a empresa trabalha com produtos de primeira necessidade. Ela trabalha como uma sociedade organizada que utiliza a legislação para regularizar os negócios, sendo esse um fator político-legal. Fatores sócio-culturais como existência de culturas locais são levados em conta.

Variável Tecnologia: Em busca de uma melhora nos serviços, a empresa percebe a necessidade de implantação de novas tecnologias. Sua principal fonte sobre atualizações tecnológicas é a imprensa. À medida que adota novas tecnologias, a empresa disponibiliza treinamentos a seus funcionários.

Empresa C: Fundado em 1968 na Holanda, suas atividades iniciaram-se no Brasil em 1972 com a primeira loja na cidade de São Paulo. O crescimento da empresa C no Brasil foi conservador nos seus primeiros 15 anos, com a abertura média de uma loja ao ano. Após estes 15 anos, a companhia adotou uma estratégia agressiva de expansão, aumentando o número de lojas de 11 em 1986 para 21 em 1990. A empresa está presente em 21 estados do Brasil e no Distrito Federal (DF), com um total de 43 lojas.

Figura3: Organograma da Empresa.
 
Fonte: empresa pesquisada.




Variável Ambiente: Nesta organização, foi constatado que os objetivos são traçados através de reuniões anuais da diretoria de planejamento, realizadas seis mês antes das aplicações dos objetivos definidos. Com aplicação de pesquisas de satisfação interna junto com pesquisas de clientes, realizadas por uma agência contratada, a organização obtém informações sobre o ambiente. A empresa considera-se um modelo na aplicação de técnicas próprias, não utilizando modelos usados pela concorrência. O aumento da população é considerado pela organização, visto que esta somente se estabelece em cidades com população acima de que 500 mil habitantes. A distribuição de renda e a situação econômica da população são fatores preponderantes, tendo em vista que os clientes alvo são pessoas jurídicas ou legalmente estabelecidas – pequenos e médios comerciantes. As mudanças nos valores culturais e a cultura local são elementos relevantes para a organização quando relacionados com a demanda de produtos.

Variável Tecnologia: A exigência de implantação de novas tecnologias é percebida através de uma necessidade constatada. Esta percepção é captada pelo departamento de informática, que nessa organização possui nível gerencial. A tecnologia implantada é padronizada em todas as lojas e o treinamento realizado pelo departamento de processamento de dados de cada filial.

Empresa D: Fundado em 1988, após dois anos migrou para a categoria Mercearia. Em 1992, com a inauguração do açougue, passou à categoria de Mini-Mercado e, com a inauguração da padaria, Mercado. Para ampliar suas atividades, em 2001 associou-se à recém-surgida cooperativa Rede Brasil Central, quando se tornou supermercado. Atualmente faz parte da Rede Econômica de Supermercados.
Figura 4: Organograma da empresa.
Fonte: empresa pesquisada.

Variável Ambiente: Conforme surgem as necessidades, os objetivos são traçados pela diretoria da empresa. Suas fontes de informação sobre ambiente são obtidas através conversas com fornecedores, concorrentes, clientes, além de internet e jornais. A empresa utiliza técnicas usadas pelas concorrentes somente se essas forem excelentes. No ramo do varejo alimentar, os fatores demográficos e econômicos, tais como: aumento da população, composição etária, mercados étnicos, níveis de instrução, distribuição de renda e situação econômica da população, influenciam a organização principalmente na definição do mix de loja e na linha de produtos. Fatores sócio-culturais como as existências de culturas locais são importantes, pois dão a possibilidade de trabalhar com linhas de produtos diferenciados.

Variável Tecnologia: As necessidades de implementação de novas tecnologias são percebidas através de demonstração em exposições ou em concorrentes, além daquelas surgidas do dia-a-dia. Suas principais fontes para a atualização tecnológicas são os fornecedores de equipamentos, que oferecem treinamento aos funcionários da empresa, dependendo da complexidade operacional da nova tecnologia.



Conclusão

Concluiu-se que o ambiente e a tecnologia são de fundamental importância para a tomada de decisão nessas organizações supermercadistas e são de extrema relevância para a constituição de uma empresa competitiva.

Para os varejistas o crescimento dos grupos de interesse influencia a tomada de decisão. A existência de culturas locais é considerada um fator importante, visto que, exibem as preferências dos clientes destas empresas, para traçar metas organizacionais.

As informações sobre novidades tecnológicas para a atualização das organizações são obtidas de maneiras diversas como, por exemplo, serviço de atendimento ao consumidor, exposições, etc.. Analisadas as variáveis ambiente e tecnologia, as gerências destas empresas do segmento varejista se reúnem normalmente uma vez ao ano, para traçar objetivos e metas a serem alcançadas.

Para cada situação são utilizados critérios diferenciados pois depende da situação do ambiente.

As atitudes administrativas deverão ser tomadas de acordo com o momento, já que a situação é que mostrará qual o procedimento correto a ser adotado para a solução dos problemas.



Fontes de pesquisa

http://www.dea.ufms.br/

BATEMAN, T. S. ; SNELL S. A. Administração: construindo vantagem competitiva.1ª ed. São Paulo: Atlas S/A, 1998.

CHIAVENATO, Idalberto, Introdução à Teoria Geral da Administração. 3ª     ed. São Paulo, Makron Books, 1997.

HAMPTON, David R. Administração Contemporânea. 3ª ed. São Paulo, Makron Books, 1992.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10ª ed. São Paulo, Pearson Education do Brasil Ltda.

RODRIGUES, Claudia Cimarelli. Reflexões Para Concepção de Modelos de Gestão.

STONER, James A. F. Administração. 5ª ed. Rio de Janeiro, LTC, 1999.

Revista SPEI. Curitiba, Faculdades SPEI, v. 3, n.1, p. 49-63, jan./jun. 2002

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